Os implantes de silicone para mama não são dispositivos para a vida toda e, algum dia, terão que ser trocados ou removidos. Por fim, a decisão de colocar, manter ou remover os implantes mamários é escolha da paciente. Anos após a colocação do silicone, algumas pacientes precisam reoperar as mamas por causa da contratura capsular ou ruptura do implante e a indicação dessa nova cirurgia, cientificamente, é um consenso. No entanto, em um número maior de pessoas, estamos removendo os implantes de silicone em função das decisões dos pacientes.
Após colocar próteses de silicone, algumas pessoas acabam se arrependendo e passam a ter dificuldades de adaptação ao novo desenho corporal sentindo-se com o tórax demasiadamente grande ou impossibilitadas de ajustar-se ao tipo de roupas que gostariam de usar. Isso é normal entre os seres humanos, visto que, com o passar do tempo, nossos conceitos de beleza e idealização corporal vão sendo modificados. Nestas situações a retirada dos implantes é um procedimento a ser considerado e, dependendo das condições individuais de cada pessoa, os tecidos mamários excedentes devem ser reposicionados. Na maioria dos casos utilizamos as mesmas cicatrizes da cirurgia de colocação do silicone, contudo, em algumas pacientes necessitamos adicionar cicatrizes de mastopexia para o tratamento da flacidez de pele.
Temos recebido cada vez mais pessoas solicitando a cirurgia do explante mamário em função da Doença do Implante de Silicone. Essa doença costuma ser autodiagnosticada e os sintomas mencionados por quem sofre desta condição- a maioria relacionados com sistema imunológico – costumam ser inespecíficos. Eles incluem fadiga, dor no peito, perda de cabelo, dores de cabeça, calafrios, dor crônica, sensibilidade à luz e distúrbios do sono. Atualmente, essa doença ainda não é oficialmente reconhecida pela maior parte da comunidade médica. A Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica diz que “até o momento, o conhecimento científico da especialidade indica que não há estudos concretos ou baseados em evidências ou dados revisados por pares sobre a formação de uma nova síndrome, a doença do implante de silicone”.
A cirurgia de explante mamário por sintomas deve ser discutida pormenorizadamente entre paciente e médico. Estudos científicos têm demonstrado que, em pacientes sintomáticos, a retirada dos implantes de silicone, em cerca de 50% dos casos, cursa com diminuição – temporária ou permanente – dos sintomas. Entretanto nenhuma promessa de diminuição da sintomatologia ou remissão de doenças imunológicas pode ser feita pelo cirurgião. Do ponto de vista bioético é evidente que o paciente deve fazer suas escolhas, caso a decisão do paciente seja pela retirada dos implantes de silicone seu desejo deverá ser respeitado. Já o cirurgião deve exercer sua profissão com autonomia, não sendo obrigado a prestar serviços que contrariem os ditames de sua consciência ou a quem não deseje. Acreditamos que o diálogo aberto preconizando uma boa relação médico-paciente é o caminho ideal para quem deseja realizar explante mamário.
A cápsula mamária tem um papel fundamental na cirurgia do explante mamário. Ao introduzirmos um implante de silicone mamário, nosso sistema imunológico o reconhece como um corpo estranho e desenvolve um mecanismo de isolamento ao criar uma membrana ao redor do implante. Embora a cápsula seja útil para algumas técnicas operatórias, estudos demonstram que esse tecido biológico pode abrigar materiais presentes nos implantes, na pele do paciente e nas luvas cirúrgicas. Ao fazermos explante mamário o tratamento da cápsula constitui-se no principal fator para determinarmos a classificação desta cirurgia:
Explante em bloco:
é nossa preferência em pacientes sintomáticos. Quando possível, realizamos a remoção total da cápsula com o implante mamário em seu interior e retiramos a prótese de dentro da cápsula para inspeção e análise macroscópica já fora do corpo da paciente.
Explante com capsulotomia e capsulectomia total:
por questões físicas dependentes da anatomia de cada pessoa e da reação corporal da paciente em alguns casos a abertura da cápsula com a retirada dos implantes dentro do corpo seguida pela retirada total da cápsula é uma estratégia utilizada para redução do trauma e sequelas desta cirurgia.
Explante com capsulotomia e capsulectomia parcial:
Reservamos esse tratamento para situações em que a cápsula seja extremamente fina ou quando a adesão da cápsula a estruturas nobres eleve demasiadamente o risco de lesões de difícil tratamento. Após a retirada dos implantes tentamos retirar a maior quantidade possível de cápsula e tratamos com eletrocoagulação ou peelings a porção capsular cujo risco elevado impede a remoção total.
Explante com múltiplas capsulotomias:
Tratamento pouco utilizado, restrito a casos de pacientes assintomáticos. Nesta técnica abrimos a cápsula, retiramos os implantes e, para que ocorra melhor acomodação dos tecidos, fazemos diversas incisões na cápsula que permanece integralmente dentro do organismo do paciente.
Explante com capsulotomia única:
Técnica com indicação extremamente restrita. Costumamos fazer somente em pacientes que não têm condições clínicas de suportar os riscos anestésicos de uma cirurgia mais completa.
Após o explante existem algumas opções para o tratamento:
Mastopexia:
Retiramos pele e porções do tecido mamário visando modificar a localização dos mamilos e adequar o tamanho das aréolas e do volume mamário.
Reposicionamento glandular: são realizadas suturas internas para ocluir o espaço deixado pelos implantes.
Enxerto de gordura:
em casos selecionados, após a retirada dos implantes, podemos injetar nas mamas grumos de gordura filtrada oriunda de outras regiões corporais da própria da paciente.